quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Pequena Grande Senhora

Ela nasceu gorduchinha,
belezura, fofura!
Primeira filha, de uma
carreirinha de mais quatro,
todos homens.
Só ela, mulher.
E para confirmar a força
desse gênero, número e grau,
desde a adolescência,
começou sua peregrinação,
de guerreira.
Despediu-se da mãe aos quatorze anos,
tornando-se "responsável", pelos
moleques que ficaram órfãos,
assim como seu pai, viúvo,
inconsolável, pois casara-se
realmente por e para um grande
amor, que o tempo não perduou
e levou cedo demais.
(os amores verdadeiros, parecem ter essa sina)
E assim ela foi caminhando pela trajetória
de sua vida, sem saber o que
e o quanto ainda sofreria.
Seu irmão caçula, que tanto amava,
e que forte afinidade os atava,
também se foi, aos dezoito anos.
Apaixonou-se pela primeira vez,
intensamente, mas no tempo
em que só o olhar poderia declarar
a quem corpo e coração queria se entregar.
Seu amor não aceito pela familia,
deixou-lhe outra cicatriz.
O que aliviava era o seu canto de canarinho
acompanhando seu pai com o cavaquinho.
Casou-se cedo, teve a primeira filha.
Seu marido também jovem, mas muito letrado,
pouco entendia o que deveria fazer para ser amado.
( parece que o tempo passa, e algumas coisas não mudam)
Depois de muitos anos, teve a segunda filha.
Todas de parto normal, em casa, era assim,
que o nascimento acontecia.
Seu marido continuou crescendo na literatura,
ela, nas lidas da casa, das filhas, nunca mais cantara.
Um dia, descobriu que êle a atraia,
seu peito ardia, mais uma facada.
Mas sua fibra, tornou-a ainda mais forte,
mudou de ares com suas filhas,
foi para outra cidade,
e sabiamente com discrição,
escondeu a traição, dizendo,
que a mudança era para a saúde
da caçula e melhoria do pai,
numa cidade do interior,
para deles melhor cuidar.
Os anos passaram-se...
Todos da familia, indiscriminadamente,
foram por ela ajudados, com palavras,
com carinho, com doações financeiras,
ninguém jamais foi preterido,
inclusive a familia do marido.
Êle casou-se novamente,
( os homens não conseguem sobreviver sozinhos)
ela não mais casou.
Com toda a garra e coragem, a sociedade enfrentou.
Participou dos nascimentos de todos os sobrinhos,
e netas.
Para ela não havia tempo ruím, não importava,
se fosse verão, inverno, outono ou primavera,
lá estava ela assistindo a tudo e a todos.
Formaturas das netas, nascimentos de bisnetos.
Um por um de sua familia ancestral, foram
daqui se despedindo, ela não perguntava,
não precisava, ela sempre sabia.
Certa vez teve um esgotamento nervoso,
claro, era humana, mas dele recuperou-se,
pois sabia que muitos ainda dela precisariam.
Um dia, teve uma isquemia, não podia mais
andar e conformou-se em não poder continuar
andarilha, mas continuava lúcida, enérgica,
com ela não tinha mentiras, a tudo adivinhava.
Ficou assim, aceitando essa contigência da vida,
sem nunca reclamar, ao contrário, a enorme fé
que possuia, todos os dias punha-se a rezar,
como sempre por todos...
Quando sentiu que havia já um chamado
Superior, começou a preparar-se...
Sua energia pouco a pouco se esvaia...
Então, próxima de tua partida desse estágio,
pediu para ouvir músicas, que a levavam às
memórias mais queridas, as canções que mais cantava.
E ontem adormeceu aqui e amanheceu em outra
dimensão, onde todos a esperavam, pois da caminhada
era a unica sobrevivente da parentada.
Pequenina, grande senhora Luizinha,
é hoje uma estrelinha, com tua varinha de bruxinha.
Mãezinha, amada, sei que feliz estás em outra morada,
aceite esta homenagem de tua filha que sempre te amou,
e por tí teve o carinho que precisou e também por tí foi muito amada.
Piscarei para tí todas as noites ao olhar para o céu.
E durante o dia tentarei imitá-la pelo exemplo que deixou.
Obrigada!!! Te amo! Tanto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Só tenho dois pedidos: Por favor, entenda se rolar, às vezes,
de saudades o meu pranto!!!E dê um beijo no safadinho do papai!!!

4 comentários:

Daniele Moraes disse...

LINDO, LINDO, LINDO!
De todas as palavras, as duas últimas frases são para mim as mais sinceras e sentidas...

Abençoada você, que tem o dom de transformar a dor em beleza.

TEAMO, minha mãe!

Galáxia de meus anseios disse...

Obrigada, filhota!!! Te amo! Quem saí aos seus "regenera"...beijinhos!

Lara Moncay Reginato disse...

Lindo mesmo amiga. Tua filha tem razão! Tens o dom de transformar a dor em beleza, de ver o quanto um temporal poder ser bonito e deixar-se levar pelo vento.

Assim são as pessoas livres que entendem e conhecem os segredos da vida.

Te amoo.
Beijocas

Galáxia de meus anseios disse...

Obrigada, querida amiga, amei a imagem do temporal e deixar-se levar pelo vento...É seria bom se pudessemos ser uma folhinha indo pelo espaço afora...sem tempo...!Te amo.Beijinhos.