terça-feira, 24 de março de 2009

Mãe natureza

A janela mostrava o farfalhar
das folhas em árvores que sobraram
entre o concreto que as destruiu.
O vento parecia assoviar tristemente,
melodia que traduzia este ato insolente.
Entardecia e os pássaros procuravam
em vão seus ninhos de outrora,
agora perdidos , apenas piados soltavam.
Não havia horizonte...o por-do-sol escondia-se
na neblina de poluição incessante
e humanos caminhavam irritantes.
Buzinas atordoavam os sentidos,
fechar boca, ouvidos, olhos, nariz...
morrer?...Ao contrário...vestindo-se
de outono, ela abandonou apressadamente,
aquele lugar e foi em busca do seu verdadeiro Eu...
Já quase sem folego, encontrou
a Mãe Natureza a sua espera e aí,
jogando-se em seu colo,respirou profundo
e... tranquila adormeceu!

sábado, 14 de março de 2009

Quem sabe amar?

Ora, para certas pessoas é fácil
falar sobre o amor...
Em versos, prosas,conversas,
idílios, devaneios ...
Mas amar verdadeiramente,
é extrair de sí mesma essa semente
e plantá-la simplesmente,
no coração do outro,
com atos...diariamente...eternamente!
Amar é exercitar a alma,
no processo continuo da transformação,
e só quem transmuta, pode conhece-lo
verdadeiramente...
Se não for assim, tudo não passa de
de palpites, feito alpistes
a passarinhos engaiolados,
tristemente!!!

domingo, 8 de março de 2009

Conselho do espelho

Hoje dispo-me de tudo
do fora e do dentro...
Nua como primitiva,
silencio diante do espelho.
Ele responde:
Tú és essência
criadora, que transmuta
e transforma.
Tú és Mãe Terra,
em fecundação perene
com o Pai Céu.
Esparrama tuas sementes de amor, sempre...
Para o Universo,
desde o amanhecer até o anoitecer!
E benditas sejas, MULHER!

terça-feira, 3 de março de 2009

Afiando

Numa tarde, na qual a alma
se sente solteira e triste,
alguém sentou-se ao meu lado e disse:
O que acontece, que seu olhar entristece?
Ouví e respondí: Não sei...
Talvez seja meu carma, meu destino,
levando-me a andar em desatino...
Já vistes as amarras de teus pés,
quantos nós neles existem,respondeu.
Lágrimas escorreram pela minha face,
não havia reparado, o quanto
tinha de laços e nós neles amarrados!
Ó insana criatura sou...que faço, agora?
É simples, explicou-me:
Pega a tesoura de teus pensamentos,
afie-a em alegrias e esperanças,
e corte-os , já , neste momento.
Não consigo, exclamei, não consigo.
Claro, enquanto tentas afiá-la,
não pensas em alegrias, só tristezas.
Vamos, tente, novamente.
Conseguí! Exclamei!!!
Estou liberta...
Calma, desses já estás livre, mas há muito
a caminhar...
Porisso, lembre-se, afie
a tesoura com pensamentos positivos,
e assim que um nó surgir, corte-o
imediatamente, sempre...
Começarás a ter novo brilho no olhar,
e aprenderás , por fim, a conjugar
universalmente, o verbo amar.
Quis imensamente, abraçar, beijar,
tal criatura, mas espanto,
desaparecera como um
sopro de anjo no ar...!

Descoberta

Abro os olhos, noite insone,
que deu-me instante de cochilo.
Tudo ao redor continua igual?
Minha cama, meu lençol,
meu travesseiro, minha camisola,
meu corpo...
Mas pressinto, algo mudou...
Aspiro o ar e sinto uma fragância diferente...
De onde virá? Aspiro novamente, é uma
essência estranha, deliciosa...
Está escuro, acendo o abajour e vejo
ao meu lado , meu amado, dormindo docemente.
Virá dele a fragância que sinto?
Chego perto, bem perto...e finalmente
desperto...era minha alma que comigo brincava.
Realmente algo mudara,
minha alma por fim exalava o que há muito
escondia dentro de mim...meu próprio cheiro,
minha inteireza...estava plena...me bastava.
Sorrindo, pulei da cama para o mundo!