Toc, toc

Quem disse que o amor
não toca?
Toca em tudo:
na música, nas cores,
na tela, nas mãos,
nos olhos, no corpo inteiro,
no céus, no Universo,
porque não é e nunca será efemero...
Mas toca principalmente
no coração, por inteiro...
...toc,toc,toc...
Deliciosa batida de pandeiro!!!

Voar

Por que estás tristes?
Esses olhinhos semi-cerrados?
Feriram-te?
Venha, sem medo,
estendo-te a mão.
Jamais irás para gaiola,
só os desalmados o fazem.
Cuido de tí, até que possas voar.
E aí direi feliz:
Voa, andorinha, voa,
Vá atrás de teu bando,
Sabes onde queres chegar...
O verão já está a se anunciar.
Também sei como tú ,
o que é liberdade,
essa é a tua e a minha verdade.
Voa, andorinha, voa,
só o céu é o limite,
para quem admite,
que só sendo livre se pode
verdadeiramente...amar!

Lá estava num canto...esquecido,
abandonado, empoeirado.
Olhei ...olhei...quanto tempo
passou, sem dar-lhe meu aconchego,
meu abraço, lá estava no embaço,
como eu, também entristeceu.
Peguei, afaguei, apertei-o
junto ao meu peito...
Devagarzinho tentei que acordasse,
mexendo nele, passei meus dedos,
e contei-lhe meus segredos.
Em troca, devolveu-me terna melodia...
"Lembra de mim..."
Ah! você já foi árvore, que podaram,
que lixaram, que o fizeram com curvas
de mulher e nome de homem,
por certo me entende e sabe que nesta
fase, também emudecí...meu amado violão,
molho sua madeira e tento em suas cordas,
escorrer minha tristeza numa terna canção:
Se sabias que não ficarias, porque viestes?
Se sabias que minhas noites são insones,
porque me fizestes sonhar?
Se sabias que a inocência ainda em mim morava,
porque me mostrates que não querias amar?
Se sabias que minhas lágrimas são pérolas,
porque fizestes delas um colar?
Se sabias que me entregaria, porque me fizestes acreditar?
Se eu soubesse que como o luar fazias pensar
que há caminho no mar, por certo me afogaria,
com esperanças de tu me salvar...
Agora, meu violão descansa, porque esta noite
tentarei dormir, esperando pelo por...vir...!!!
Porque como você, há sempre alguém que me tocará,
passe o tempo que passar...

Primavera

Que bailado lindo,
vejo hoje no jardim.
Flores se espreguiçando
outras sorrindo,
muitas se abrindo...
É primavera!
O céu está azul, finalmente.
Meu coração entra nesse baile,
feliz e contente...
É primavera.
Vamos bater palmas,
taças, copos, corpo, tudo.
Vamos celebrar.
Vamos setembrar!!!

Pequeno desabafo

No limiar do portão,
se despendem,
olhos entristecem.
Êle subitamente retorna
e tira de sua boca o carmim.
O enlevo continua.
A esperança persevera.
O amor é ,ainda, um sim!

Brincadeira poética

Ia escrever o que minha alma sentia,
mas um besouro insolente, veio
atormentar minha mente,
e seu zumbido tirou-me a inspiração.
Esse besouro abusado,
ciumento de meus devaneios,
atrapalhou, chegando a deixar-me irada.
Tomara, na proxima encarnação,
eu besouro e êle poeta.
Deliciosa transformação!
Isto é simbólico...trabalhem a imaginação!

Dia inesquecível

Cabeça baixa, olhos perdidos no chão.
O que este homem perdeu e procura,
ou procura o que ainda não perdeu,
pergunto eu e passo a cismar:
Observo melhor seu semblante é de dor,
seus cabelos em desalinho, a barba mal feita,
mos olhos tristeza com lampejos de temor.
Sobe a rua com dificuldade, cada passo, uma eternidade.
É jovem ainda...porque será, toda essa amargura?
Sem resistir chego perto e olho profundamente.
Êle levanta a cabeça e seu olhar cai no meu perdidamente.
Para e espera a pergunta que minha boca já quer formular:
Por quê?
Sou mais um entre tantos que se encantaram por ela...
Ela é muito bonita? questiono.
Ela é sedutora, tomou-me completamente,
dela ,tornei-me escravo.
Sacrifiquei tudo por ela...tudo.
Hoje, veja sou um nada.
Sentí-me perdida ,atônita, impotente.
O que poderia fazer?
Perguntei-lhe: Posso ajudá-lo?
Olhou-me novamente com aquele olhar perdido, sofrido...
Ah! se possível fosse...
Quem sabe eu possa falar com ela,
para que o deixe sossegado,
afinal quer deixá-la...
Sua mão tremula, segura a minha e grita:
Maldita droga que encontrei um dia!
Estou perdidamente viciado!
Choramos compulsivamente!
Levei-o a um lugar que conhecia,
para outros "infelizes apaixonados",
para livrar-se dessa agonia.
Soube que está bem.
Jamais esquecí esse dia.

Respire e creia

Ei, onde vais com tanta pressa?
Pegar o trem que já partiu?
O ônibus que atolou?
O inverno que já passou?
Ei, respire fundo...calma,
estás, ainda neste mundo!
Ah! Vais atrás do amor?
Com tanta ansiedade,
"quebrarás o pote"...
Vamos lá ,mais sensatez...
Respire...tente outra vez.
O que tinhas era paixão,
porisso teve um fim.
Amor não é assim.
Amor quando é Amor,
fica no dentro deste modo:
Fim dos sonhos de abandono,
da insegurança, da ansiedade.
Traz harmonia, traz aconchego.
Traz alegria, sorrisos, amigos,
ternura e paz...
Vai, respira, relaxe e creia
que o Amor te tomará por inteira,
só desse jeito saberás
como a vida vale a pena!!!

Pequeno acalanto

Tem mais de dois palmos.
A nova escultura dos céus.
Mexe, remexe , chora fundo,
sentindo ter caído
no abismo do mundo.
Mas logo em seu socorro,
vem quentura, alguém com ternura
segura, alimenta, embala
e de mansinho
lhe diz: Menininha,
não temas, na dança da vida,
no hora a hora,no passo a passo,
no roda roda, tua escultora,
está perto de tí, filhota Isadora!

Esperança

Olho pela janela tentando
visualizar o infinito.
Vejo, no entanto, para meu espanto,
galhos secos retorcidos, contorcidos,
nus.
Quando folhas renascerão, para colori-los?
Quando passarinhos voltarão a refazer seus ninhos?
Quando cantarei cantigas de acalanto,
em teus ouvidos?
Quando terei teu corpo satisfeito
de amor ao derramá-lo sobre teu peito?
Quando, quando?
Responda-me ó ingrato tempo!
Quantas luas passarão?
Quantos sóis nascerão?
Quantas lágrimas ainda sulcaram minhas faces?
Só tú sabes quando! Ingrato e bendito tempo!
Ingrato porque demoras.
Bendito porque chegarás.
Minha esperança, nunca tirarás!

Minha esperança, nunca tirarás!

Espera

O frio assola meu corpo,
penetra em meus ossos,
minhas mãos tremem,
procuram abrigo,
um coração quente,
que esquente o meu.
Encontro olhos ariscos
que espetam minha alma,
tornado-a gélida também.
Quando este inverno
no meu dentro irá embora,
tornando-me, o que realmente sou:
Romântica primavera, a espera,
simplesmente de um carinho teu.

Retransformando-se

E o casulo se abre...
Difícil conter a transformação.
Porque haveria de conte-la?
Medo do novo?
Bobagem? Sim, com certeza.
Mas criar asas e voar
e preciso coragem, garra.
Estás esquecida, onde estás?
Acorda, pega tua coragem,
tua garra , solta tuas asas,
vá para teu jardim.
Beije tuas flores.
Esquece as gaiolas.
Retorne a ser o que és...
Borboleta de primavera,
que depois do inverno,
retorna bela!

Acalanto para Isadora

Pode o outono chegar
Eu quero estar junto a tí.
Pode o inverno chegar
Eu quero estar junto a tí.

Porque...É primavera
Te amo...Isadora....
Te amo...Isadora....
Tenho tanto amor...para lhe dar.
Tenho meu coração...para lhe dar.
Hoje o céu está tão lindo...
E você na manjedoura!!!
Trago meus braços...prá lhe ofertar,
Todo meu colo...quero lhe dar...
Hoje o céu está tão lindo...
Isadora........
Meu amor!

Lua cheia

Hoje ela está plena...
nenhum pedacinho lhe falta.
Está grávida na órbita celeste.
Aqui embaixo, deixo-a possuir - me por inteira.
Sinto-me iluminada, amada lua cheia,
obrigada!

Vivência

Mergulho no meu dentro...
Perco-me em indagações...
Que mulher é essa que hoje me habita?
Onde está aquela destemida, brava, corajosa?
Por que escondo meus verdadeiros potenciais?
Medo, mesmice, ócio, pasmaceira?
Porque passei de primeira à última fileira?
Bela adormecida? Cinderela beijando sapos?
Estou sentindo que deixo meus sonhos em trapos.
Esta na hora da virada, transmutar-me? Ou resgatar-me?
Ora, os dois com certeza!
Transmutarei o que em mim apodrece,
resgato a essência que me enobrece.
Acordo! Que pesadelos terríveis!
Que bom te-los, se existo, nada temo,
melhor, ainda, vivo para resolve-los!

Confesso

Ela foi chegando mansamente,
devagar me contemplando...
Será que ainda me ama,
como antigamente, ou esqueceu-se
de mim, definitivamente.
Para saber, só possuindo-a e
assim, tomou-me inesperadamente.
Caí nessa vertiginosa posse e esparramei-me
entre tintas coloridas, papéis , livros,
filmes, gritos tantos, prantos, risos loucos.
Ela voltou, finalmente revivo,
sou eu com minha amada alma de artista,
liberta do julgo de inúteis grilos
que permeavam meu juizo, fazendo-me tola,
aprisionando-me em grilhões malditos de
hipocrisia e luxuria quimérica que desacredito.
Amada , tardaste, que falta me fizestes...
Sem tí sou nula e nua.
Adentra-me e me revestes...
Como o mar faz com a lua!

Carnaval

Vasculho no baú das ilusões
que fantasia vestirei...
Colombina, estrela guia,
Afrodite que pequei...
Não sei...
Coloco então no rosto,
apenas nos olhos, um adorno.
Procurarei pelas ruas,
talvez um rei...
Com ele dançarei,
do nascer até o sol se por...
Então, nos braços do sonho cairei,
E se tudo for por amor,
este sonho guardarei.
E no outro carnaval,
faço tudo, outra vez...
A fantasia que inventei!!!

Tecendo

Emana do Poder celestial, vários fios luminosos.
Recebemos pela Graça, de graça.
Com eles vamos tecendo a tenda de nossas vidas.
Às vezes a ansiedade nos assalta e vamos apressados,
colocando fios sobre fios, cruzados, retorcidos.
Olhamos e nos assustamos, poderia ser diferente,
desse jeito estou triste, não estou contente.
Ah! se tivessemos mais paciência, teria feito melhor.
Agora, o que já foi feito, não tem mais jeito.
Respiramos forte e continuamos, tentando jogar
angústia e ansiedade, prá longe, onde não nos alcance.
Dessa vez parece que vamos acertar, está bonito,luminoso,
mais uma trança, mais um fio, mais um ponto.
Mas lá vem o descuído e tudo acontece de novo:
Angústia, ansiedade, medo, erramos outra vez.
Mas quem disse que deveria ser tudo certinho,
tudo arrumadinho, tudo bonitinho?
Pretensiosos somos, queremos ser anjinhos,
assim, como se viessemos aqui brincar
de viver em paraíso terrestre, sem precisar crescer.
Santa ignorância! Quanto mais nós , mais aprendizagem,
quanto mais aprendizagem, mais consciência, quanto mais
consciência, mais conhecimento de que realmente somos
imperfeitos e se pudermos ter essa humildade,
ir arrumando esses fios, com nós, buracos,
embora duro o aprendizado, conseguiremos,
entender com alegria a Suprema Sabedoria:
Cada um é dono de seus fios,
cabe a cada um, aprender tecer sua própria tenda.

Pre - sentimento

Ela acordou cedo, mal o sol nascera.
Olhou pensativa para o marido que dormia ao lado...
Será? Pode ser...Pode ser?
Levantou com a intenção de averiguar...
Sentiu um leve friozinho percorrer sua coluna.
Assim que o marido saiu para o trabalho,
saiu , um pouco depois, para começar a busca.
A primeira suspeita...confirmou-se...
Mas, tratava-se ainda de uma suspeita!
Precisava encarar algo mais acertivo.
Tomada de coragem, procurou o lugar certo.
O que era suspeita, tornou-se realidade.
Foi para casa, um tanto confusa, ainda, e
aguardou a chegada do marido, sentada no sofá.
Assim que ele entrou, olhou com olhos marejados...
E disse: Então, você fez?
Ele sentou-se e seu rosto enrubesceu...
Como? O que?
Aí, indo em sua direção com papel na mão,
disse-lhe: Olha, a prova, está aqui!!!
Estamos grávidos!!!
Tres corações bateram uníssonos!
Uma vozinha encarnada no dentro se fez ouvir:
"Benditos jardineiros,estou feliz, cuidem bem de mim.Assim seja.
Essa noite, o céu musicou mais estrelas e a paz se fez ouvir!