terça-feira, 26 de maio de 2009

Quizera

Quizera ser árvore:
dando-te sombra em
teus descansos.
Quizera ser água:
matando tua sede
de conhecimentos.
Quizera ser terra molhada:
refrescando teus pés,
nas caminhadas.
Quizera ser fogo:
acendendo teus desejos.
Quisera ser ar:
levando-te voar,
buscar teus sonhos.
Quizera ser vela
que acendes,
frente a ela, ajoelhando-se.
Quizera, por fim, ser o incenso
que teu corpo envolve,
inebriando-me deste momento,
denso e tão intenso.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Cuidado

Todo cuidado é pouco
para quem acredita
em anjo.
Há certas criaturas
que se isso sabem,
só fazem torturas e
nos deixam atormentados.
São pobres coitados,
endiabrados,
não aguentam, não suportam,
vão logo tentando estragar,
gestos de ternura, a êles impossível
dar...
Todo cuidado é pouco,
quando somos maravilhosamente,
loucos elegendo anjos para amar!

Anjos

Quem disse que anjos não existem?
Outro dia, sentou-se um ao meu lado.
Ficou a fitar-me muito tempo...calado.
Sentí um aroma suave que dele exalava.
Fiquei imóvel, só lentamente respirava.
De repente, suas asas abriram-se,
carregando-me a um mundo que desconhecia.
Havia canções, danças e muita alegria.
Fiquei extasiada de tanta maravilha.
Tentei falar, quero ficar.
Êle respondeu, este é seu lugar,
apenas, vim mostrar.
Agradecí e pedí, volte outra vez,
preciso de você , para bailar, cantar...
Disse o anjo: Voltarei.
Eu digo: Esperarei.
Quem disse que anjos não existem?
É só acreditar!

A estrelinha

Olho para o céu,
sopro nuvens cinzentas.
No intermeio, uma estrela.
Ajoelho, faço prece.
Nos lábios um sorriso.
Ela pisca para mim.
Desejo atendido suponho,
na infância era assim.
Crescida sou, sei.
Esse é para a criança,
que amo dentro de mim.

Outro

O ar poluído é terrível.
Dá alergia, sufoca, irrita.
Não há remédio que dê conta.
Não adianta máscara, nada.
O que resolve é mudar,
sair de perto, ir para longe...
Há quem saiba amar
e que nos deixa respirar!

Por fim

Tento diluir o que me consome.
Jogo ao vento minhas indecisões.
Espero que êle as leve para um
lugar distante...
Além do horizonte.
Não quero mais te-las,
mas se retornarem,
torno a jogá-las,
possível, à minha frente,
e ao ve-las quero
pisá-las, reverte-las
em musgo, plantando,
certezas, muito suadas,
adubos de minha alma,
sentindo minhas inspirações
por fim...realizadas.
Aspirações alcançadas.
Eis-me, com asas aladas,
rumando para o infinito,
soltando sufocado grito:
Liberdade!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Dúvida

Preciso exalar toda dúvida
que há algum tempo me persegue...
Devo ou não devo...
Faço ou não faço...
Quero ou não quero...
Digo ou não digo...
Espero ou não espero...
Calo ou falo?
Hum...que tortura,
não sei...
Fico, ainda, nesta amargura.
Só por hoje?
Ou amanhã também?
não sei...

Se soubessem

Não adianta, há seres (quiçá humanos)
que não sabem amar
e não querem ser amados.
Fingem, negam...
Chegam a ser de certa forma
até engraçados, quem sabe,
eternos palhaços,
gargalham por fora,
chorando no dentro.
Que judieira...têm medo,
infelizes, não sabem que
a verdadeira razão no viver
sorrindo, ou até chorando, é ir amando e simplesmente...
Ser...

Surpresa

Hoje acordei como paleta
de pintor de vários quadros.
Nela, mistura de cores caótica.
Não sei mais onde está a esperança,
o sol, a paixão, o amor, o céu, a terra,
a fé...tudo está cinzento, confuso.
Tento mudar o que sinto.
Esfrego, limpo, coloco a cor
que no momento preciso...
O branco trazendo paz,
ao meu turbulado espírito.
Amanhã, quem sabe,
pintarei um quadro,
bem colorido,
ou um por vez,
com cor que tirarei
de cada dia que sonharei.
O que? Ainda...não sei!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Caso ou acaso

Ela pressentia que um dia,
algo aconteceria.
As despedidas eram sempre
beijinhos de lado...ambos
calados.
Eis que chegou o dia
pressentido, desejado,
querido, mas secretamente,
calado...

Ao encostar, como sempre,
seu rosto ao dele,
ela sentiu que
a face dele encurtara,
sua boca, na dela se aproximara...
Um beijo rápido molhado,
delicadamente, marcado,
deixara...
Quando voltou a sí do encanto
e do espanto...
Exclamou, por dentro: preví, aconteceu,
quero mais, quero mais,
quero tudo, quero...tanto!!!
Mas, despediram-se, como se fazia
antigamente...os dois sorrindo
timidamente...
O que acontecerá em outro dia?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Complicada

Complicada não é a vida.
Complicada é a criatura
que não consegue
deixar de ser romântica,
e não quer ser curada
dessa loucura,
que muitas vezes lhe causa
intensa tortura...

Encontro verdadeiro

Quando duas almas
se encontram em cúmplice
sincronicidade,
suas mãos que não mentem,
se unem, se beijam,
em profunda simplicidade.
O coração, então,
sente, badaladas,
de instantes de felicidade.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Breve prece

Quando chegas...Luz.
Quando vais...velas se apagam...
Então...fica,
E deixes aceso meu santuário!!!

Quem será?

Sinto em certos momentos
um amor tão intenso,
difícil de explicar...
Percorre meu corpo,
corre em minhas veias,
esconde-se em minhas entranhas
complexas, estranhas.
Amor tão imenso,
não consigo conte-lo,
o coração fica pequeno,
não o consegue abrigar.
Então em compulsiva fúria,
de chamas ardentes,
derramo em folhas,
versos pendentes,
o que não consigo
ainda clamar!

Quem és?

Abro a janela
o sol aparece...
És tu vindo me beijar.
Abro meus braços
prá te receber.
Bronzeias meu corpo
no tudo e no todo...
Me aqueces...
Que delícia
que sempre
amanheces.
Tú ou o sol?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Desencanto

Canto meu triste canto,
louca de espanto,
por ter perdido as asas,
no afiado corte de tuas mentiras,
que acreditava serem minhas
e não tuas quando dizia:
Não te amo tanto,
não enxugues meu pranto,
não quero ser tua.
Eram tuas e não minhas...
essas mentiras...
Presa na gaiola, agora,
sem poder voar,
sangro meu bico,
tentando sair,
querendo chegar perto de tí,
com novas e coloridas penas,
mostrando que fostes tú
que me perdestes,
porque a tí de verdade,
nunca pertencí...
Sim, eu também mentí.
Porisso, canto, meu canto triste,
louca de espanto,
como foi possível mentirmos tanto!!!

Encantamento

Lágrimas vertem de meus olhos,
como sangue de Cristo na Redenção.
O vento sopra forte, desfazendo
a rosa púrpura de minha paixão.
Pétalas rumam sem rumo,
voando soltas procurando abrigo.
Sussurro ao teu ouvido...
não vás, fica comigo...
Uma noite apenas,
apenas uma noite.
Mas teu coração como açoite,
nada escuta, a razão grita forte:
Vás embora, não aportes...
Tú a escuta e foges...
Resta meus pés pisando a areia
que deixastes empoeirar
meu desiludido coração.
É meu o calvário
ter acreditado
em uma ilusão.

Voltando no tempo

Quero tecer cambraias
com meu e teu monograma.
Quero tornar-me donzela,
jogar tranças pela janela,
ouvir cantar o rouxinol,
sua canção mais bela.
Quero entoar poemas,
com voz pura e singela,
como se o primeiro amor
ressuscitasse em meu peito,
com o mesmo e fulgurante ardor.
Quero minhas faces rubras,
quando de minha boca,
roubastes o único beijo,
fazendo meu corpo sentir
o desejo do pecado
e nele ficar marcado
para sempre tua presença,
eterno amado...
Assim, escreveria se no tempo
de hoje Shakespeare ressucitasse
e quem sabe, na minha loucura,
me escolhesse e me amasse...

Terra do Nunca?

Olho para o horizonte...
Vejo seu olhar aparecendo
como sol amanhecendo...
É lindo e me aquece.
Fico a contemplar de longe
esta magia...
Quero chegar perto e tocá-lo...

.
Será verdade ou fantasia?
Não me interessa.
Entro nesse mundo de sonhos
sem pressa.
Meu desejo é eternizá-lo.
Mas o sol adormece
e êle desaparece.
Saio da Terra do Nunca.
No ar a melodia Tristesse...
Na face uma gota de orvalho desce...
Meus olhos fecham-se em prece...
Anoitece...