terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Prece do Novo

Amanhã, quando os ponteiros
se beijarem à meia noite,
mais un ano finda,
mais um começa.
Quero também beijar
todas as estrelas, todo
firmamento, a lua,
o sol, a terra, o ar,
o fogo, água do rio,
a água do mar.
Quero beijar os que amo,
pequenos, grandes, sãs, ou loucos
inventores de histórias que
me ensinam que viver é muito,
muito mais do que pensamos saber
e quanto temos a aprender.
Quero pelo menos na hora desse
beijo ter o desejo de perdoar,
mesmo um instante, e ter a emoção
de ter meu coração limpo no ano
que está a entrar...preciso disso,
preciso, é um exercício e quero-o
logo no início para continuar,
perdoando os meus erros, os que já
fiz e os que ainda farei.
Perdoar quem me maguou e eu magoei.
Este é o primeiro beijo que estou dando
em minha vida e que seja bem prolongado,
demorado, sentido e amado e que se torne
meu eterno amado namorado...
Para ensinar-me verdadeiramente
o que é amor vivenciado!!!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Recado de minh'alma

Hoje, batí um papo com minha alma.
Perguntei-lhe se estava triste ou feliz.
Como estaria a revisar o ano que se finda.
Demorou-me um tanto a responder...
Estaria zangada, fui descuidada...
fui afobada, não tive calma?
Aquietei-me para deixá-la discorrer,
seus sentimentos, suas emoções,
suas razões...
Claro, que me entritecestes,
quando de ilusões criastes castelos.
Doeu-me não ouvires meus apelos:
Não me entregue a ninguém...
sou tua e sempre serei...
Mas não me ouvistes e chorei
por tí , contigo...
Mas quando percebí teu desencanto,
voltei...e estou aquí, novamente,
sou tua cúmplice, teu abrigo,
tua companheira, tua conselheira...
E sou grande. minha pequena Helena.
Não condeno-te pelos erros,
são acertos...
Mas prestes mais atenção em teu caminhar,
para não sofreres e não me fazeres chorar.
Está aí um novo ano, para dar-te uma chance,
de tirar do avesso os panos que lhe causam
desenganos e teceres saias dançantes,
para bailares em espumas navegantes,
descobrindo novos caminhos, menos errantes.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Papai Noel

"Papai Noel foi embora,
remexi em tudo e tudo,
mas não encontrei o
que mais queria:Êle!"
Após esse desabafo, dei
à minha amada amiga,
colo... choramos até
amanhecer... e até
compreender que
o bom velhinho,
muitas vezes, não atende,
o pedido no tempo da gente,
lá no infinito é tudo diferente,
e aí, quando menos se espera,
acontece...ficamos contente.
Ela secou os olhos, adormeceu
sorrindo...
Ao ve-la assim, clamei:
Papai Noel, que esse tempo
seja breve, quero ve-la gargalhar,
cantar, dançar, com êle e para êle.
Afinal, é maluquinha, mas é
boa criaturinha!Não é???

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Diga-me

Diga-me quem puder,
ou souber...
Como posso esquecer,
olhos mergulhados nos meus,
ternura das mãos entrelaçadas,
beijo sofrego e rápido,
que deixou em minha boca
doce e delicioso hálito...
Músicas que meu coração,
não cansa de ouvir...
Diga-me quem puder,
ou souber...
O que faço com esta saudade,
que comigo amanhece e entardece,
na esperança de que minha alma
aspire novamente o carinho
de um breve momento,
que não consigo esquecer!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Lembrança

Hoje tive um sonho interessante.
Sonhei que encontrara uma caixinha,
pequena, mimosa, douradinha.
Fui aproximando-me lentamente
e quanto mais perto chegava,
mais o dourado reluzia.
Minha mão, um tanto tremula,
tentou pegá-la, mas recolheu-se,
tentou outra vez, apoderou-se.
Eu pensava...devo abri-la?
Lembrei-me de Pandora,
assustei-me...
A curiosidade, no entanto, cresceu,
e num rápido movimento ela se abriu...
Pulou num salto quase em meu rosto,
linda bailarina, que girava, girava,
ao som de sonora balada ritmada,
mais ou menos assim:
tim,tim,plam,plam,tim,plam,tim,tim...
ela girava e a mim encantava.
Quando acordei, olhei ao redor,
para meu corpo, e por espanto,
minha mini camisola era da mesma
cor do vestido dela...rosa.
Sorri e ví que sonhara com a menina
que eu fora e que nunca deixaram
ser bailarina e para me consolarem,
deram-me um porta-jóia dourado,
mas sempre ignoraram que nele,
guardei meu desejo encantado
na bonequinha que nele havia
e que todos os dias abria e com
ela dançava...Nunca nos tiram
totalmente o que ardentemente
desejamos...De alguma maneira,
um pouco, sempre realizamos.
Belo sonho...desejar é preciso,
acreditar no desejo muito mais!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Aprendizado

Hoje é sábado e me trouxe saudade...
Saudade de minha rede
pendurada na varanda,
onde meu corpo moldurava sonhos,
confundindo-se com as colinas verdejantes,
distantes lá no horizonte,
o sol espreguiçando-se, recolhendo-se,
dando passagem á noite,
beijando sua amiga lua.
Saudade da minha rede,
onde meus ouvidos escutavam
o canto dos passarinhos,
que iam buscar seus gravetos,
para aquecer a companheira,
formando também sua rede.
Saudade de meus pés descalços,
a terra umedecida, pelo esquicho,
confundindo-me em bica d'água.
Saudade de minhas mãos na terra,
limpando-a para o cultivo de lírios.
Saudade do cheiro de madeira,
que vinha da morada, misturando-se
com os pinheiros que à volta cirandavam
qual crianças soltas e felizes.
Saudade de um sonho que por insensatez
derrubei-o de minha vida, ferindo-o
como árvore centenária.
No agora, quando ando pelas ruas,
enfileiradas de edifícios concretados,
sinto o quanto rasguei minha alma,
e o quanto tornei-me, naquele momento,
tão desconhecida de mim e tão perdida.
Saudade, sem fim, por certo.
Mas para tudo se tem conserto,
e neste sábado, ao dobrar meus joelhos,
agradeço ao cosmos esta confissão e
peço, acreditando, muito mais em mim
do que outrora o fiz, que receberei,
outra chance e saberei curtir...
Aprendi que isto chama-se reconstruir!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Simplesmente

Olho no espelho, não gosto do que vejo:
Olhos tristes, sem brilho,
a boca fechada, testa enrugada...
Deixo a roupa ir saindo do meu corpo
molhando-o com água morna que cai
da ducha, da cabeça aos pés.
Escondo-o agora, nas brumas da espuma
que derramo sobre ele...
Os cabelos grudam nos meus ombros,
tentando acariciá-los, agradeço.
A espuma toda se vai na correnteza
do chão ladrilhado, no corpo enrolo
a toalha branca, única figura que me espera.
Seco o corpo, os cabelos não, deixo que continuem
colados em mim, molhados, fingendo
pranto cascatante que minha mente
teima deter em meus olhos
a não correr pelas faces.
Nada quero que prenda meu corpo,
visto túnica de seda pintada de verde,
vou para fora, meus pés descalços
tocam a grama que os deixa satisfeitos.
Começo a sorrir desse refrescante contato,
sucumbo ao convite de esparramar-me,
deito e olho para o outro lado, o de cima
e de meus olhos antes secos , escorrem
fios de água, provavelmente, tão brilhantes,
quanto as estrelas que, neste momento, vejo.
Imagino o espelho dizendo-me:
Aquela que espelhei horas atrás é tua sombra,
aproveites e mergulhes na luz que surje quando
permites...simplesmente ser...simplesmente!







mente soberana