terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Prece do Novo

Amanhã, quando os ponteiros
se beijarem à meia noite,
mais un ano finda,
mais um começa.
Quero também beijar
todas as estrelas, todo
firmamento, a lua,
o sol, a terra, o ar,
o fogo, água do rio,
a água do mar.
Quero beijar os que amo,
pequenos, grandes, sãs, ou loucos
inventores de histórias que
me ensinam que viver é muito,
muito mais do que pensamos saber
e quanto temos a aprender.
Quero pelo menos na hora desse
beijo ter o desejo de perdoar,
mesmo um instante, e ter a emoção
de ter meu coração limpo no ano
que está a entrar...preciso disso,
preciso, é um exercício e quero-o
logo no início para continuar,
perdoando os meus erros, os que já
fiz e os que ainda farei.
Perdoar quem me maguou e eu magoei.
Este é o primeiro beijo que estou dando
em minha vida e que seja bem prolongado,
demorado, sentido e amado e que se torne
meu eterno amado namorado...
Para ensinar-me verdadeiramente
o que é amor vivenciado!!!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Recado de minh'alma

Hoje, batí um papo com minha alma.
Perguntei-lhe se estava triste ou feliz.
Como estaria a revisar o ano que se finda.
Demorou-me um tanto a responder...
Estaria zangada, fui descuidada...
fui afobada, não tive calma?
Aquietei-me para deixá-la discorrer,
seus sentimentos, suas emoções,
suas razões...
Claro, que me entritecestes,
quando de ilusões criastes castelos.
Doeu-me não ouvires meus apelos:
Não me entregue a ninguém...
sou tua e sempre serei...
Mas não me ouvistes e chorei
por tí , contigo...
Mas quando percebí teu desencanto,
voltei...e estou aquí, novamente,
sou tua cúmplice, teu abrigo,
tua companheira, tua conselheira...
E sou grande. minha pequena Helena.
Não condeno-te pelos erros,
são acertos...
Mas prestes mais atenção em teu caminhar,
para não sofreres e não me fazeres chorar.
Está aí um novo ano, para dar-te uma chance,
de tirar do avesso os panos que lhe causam
desenganos e teceres saias dançantes,
para bailares em espumas navegantes,
descobrindo novos caminhos, menos errantes.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Papai Noel

"Papai Noel foi embora,
remexi em tudo e tudo,
mas não encontrei o
que mais queria:Êle!"
Após esse desabafo, dei
à minha amada amiga,
colo... choramos até
amanhecer... e até
compreender que
o bom velhinho,
muitas vezes, não atende,
o pedido no tempo da gente,
lá no infinito é tudo diferente,
e aí, quando menos se espera,
acontece...ficamos contente.
Ela secou os olhos, adormeceu
sorrindo...
Ao ve-la assim, clamei:
Papai Noel, que esse tempo
seja breve, quero ve-la gargalhar,
cantar, dançar, com êle e para êle.
Afinal, é maluquinha, mas é
boa criaturinha!Não é???

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Diga-me

Diga-me quem puder,
ou souber...
Como posso esquecer,
olhos mergulhados nos meus,
ternura das mãos entrelaçadas,
beijo sofrego e rápido,
que deixou em minha boca
doce e delicioso hálito...
Músicas que meu coração,
não cansa de ouvir...
Diga-me quem puder,
ou souber...
O que faço com esta saudade,
que comigo amanhece e entardece,
na esperança de que minha alma
aspire novamente o carinho
de um breve momento,
que não consigo esquecer!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Lembrança

Hoje tive um sonho interessante.
Sonhei que encontrara uma caixinha,
pequena, mimosa, douradinha.
Fui aproximando-me lentamente
e quanto mais perto chegava,
mais o dourado reluzia.
Minha mão, um tanto tremula,
tentou pegá-la, mas recolheu-se,
tentou outra vez, apoderou-se.
Eu pensava...devo abri-la?
Lembrei-me de Pandora,
assustei-me...
A curiosidade, no entanto, cresceu,
e num rápido movimento ela se abriu...
Pulou num salto quase em meu rosto,
linda bailarina, que girava, girava,
ao som de sonora balada ritmada,
mais ou menos assim:
tim,tim,plam,plam,tim,plam,tim,tim...
ela girava e a mim encantava.
Quando acordei, olhei ao redor,
para meu corpo, e por espanto,
minha mini camisola era da mesma
cor do vestido dela...rosa.
Sorri e ví que sonhara com a menina
que eu fora e que nunca deixaram
ser bailarina e para me consolarem,
deram-me um porta-jóia dourado,
mas sempre ignoraram que nele,
guardei meu desejo encantado
na bonequinha que nele havia
e que todos os dias abria e com
ela dançava...Nunca nos tiram
totalmente o que ardentemente
desejamos...De alguma maneira,
um pouco, sempre realizamos.
Belo sonho...desejar é preciso,
acreditar no desejo muito mais!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Aprendizado

Hoje é sábado e me trouxe saudade...
Saudade de minha rede
pendurada na varanda,
onde meu corpo moldurava sonhos,
confundindo-se com as colinas verdejantes,
distantes lá no horizonte,
o sol espreguiçando-se, recolhendo-se,
dando passagem á noite,
beijando sua amiga lua.
Saudade da minha rede,
onde meus ouvidos escutavam
o canto dos passarinhos,
que iam buscar seus gravetos,
para aquecer a companheira,
formando também sua rede.
Saudade de meus pés descalços,
a terra umedecida, pelo esquicho,
confundindo-me em bica d'água.
Saudade de minhas mãos na terra,
limpando-a para o cultivo de lírios.
Saudade do cheiro de madeira,
que vinha da morada, misturando-se
com os pinheiros que à volta cirandavam
qual crianças soltas e felizes.
Saudade de um sonho que por insensatez
derrubei-o de minha vida, ferindo-o
como árvore centenária.
No agora, quando ando pelas ruas,
enfileiradas de edifícios concretados,
sinto o quanto rasguei minha alma,
e o quanto tornei-me, naquele momento,
tão desconhecida de mim e tão perdida.
Saudade, sem fim, por certo.
Mas para tudo se tem conserto,
e neste sábado, ao dobrar meus joelhos,
agradeço ao cosmos esta confissão e
peço, acreditando, muito mais em mim
do que outrora o fiz, que receberei,
outra chance e saberei curtir...
Aprendi que isto chama-se reconstruir!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Simplesmente

Olho no espelho, não gosto do que vejo:
Olhos tristes, sem brilho,
a boca fechada, testa enrugada...
Deixo a roupa ir saindo do meu corpo
molhando-o com água morna que cai
da ducha, da cabeça aos pés.
Escondo-o agora, nas brumas da espuma
que derramo sobre ele...
Os cabelos grudam nos meus ombros,
tentando acariciá-los, agradeço.
A espuma toda se vai na correnteza
do chão ladrilhado, no corpo enrolo
a toalha branca, única figura que me espera.
Seco o corpo, os cabelos não, deixo que continuem
colados em mim, molhados, fingendo
pranto cascatante que minha mente
teima deter em meus olhos
a não correr pelas faces.
Nada quero que prenda meu corpo,
visto túnica de seda pintada de verde,
vou para fora, meus pés descalços
tocam a grama que os deixa satisfeitos.
Começo a sorrir desse refrescante contato,
sucumbo ao convite de esparramar-me,
deito e olho para o outro lado, o de cima
e de meus olhos antes secos , escorrem
fios de água, provavelmente, tão brilhantes,
quanto as estrelas que, neste momento, vejo.
Imagino o espelho dizendo-me:
Aquela que espelhei horas atrás é tua sombra,
aproveites e mergulhes na luz que surje quando
permites...simplesmente ser...simplesmente!







mente soberana

sábado, 6 de setembro de 2008

Confissão

Há certos momentos,
que amar parece tomento.
Embora, não seja,
pois nossa alma almeja,
olhos para fitar,
que nos fitem também,
erguendo-nos ao além,
como pássaro a voar.
Mas, aí , o tal destino,
faz com rudeza e desatino,
os olhos que tanto amamos,
só poderem fitar,
outro alguém,
em outro lugar.
Aí o coração reclama,
arde feito chama,
não conseguimos apagar.
É uma dor persistente,
latente, e de nossa garganta,
saí um leve gemido:
Coração não se sinta perdido,
não é hora de parar.
Tenha calma, paciência,
quem sabe a sina muda,
e essa dor tão profunda,
se tornará em querência.
O olhar que tanto amas,
de repente enxergará,
e nele estará escrito:
Que cego fui...a tí,
vim para amar!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Para tí, mulher

Por quê choras,
em teu rosto,
sem lágrimas?
Por quê fechas,
teu coração,
a quatro chaves?
Por quê escondes,
teu corpo,
em tantas vestes?
Solta-te das amarras,
que te emudecem,
abrindo teus lábios,
em doces canções,
onde em tua pele nua,
cor de lua,
anjos adormecem!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Ela e o violão

Ela hoje acordou triste,
tristeza que parecia sem fim...
O que fazer pensava,
para poder mandá-la
de uma vez, longe de mim.
Olhou em volta, ninguém,
para consolá-la e ouvir:
Vem, estou aqui, meu bem.
Sentiu que seus olhos embaçavam,
iria chorar, outra vez?Outra vez?
Eis que viu lá no canto,
também abandonado, o seu violão.
Correu ao seu encontro,
agarrou-o contra o peito,
como quem agarra um galho,
sentindo-se num naufrágio.
Acariciou suas cordas, suas bordas,
dizendo-lhe bem baixinho:
Fiel companheiro, aí quietinho,
esperando que te toquem,
eu aqui no meu cantinho,
esperando por alguém,
que não vem...
Quem sabe juntos possamos,
esta dor aliviar...
Êle se deixa embalar,
ela começa a cantar:
Meu violão, meu amigo,
és meu consolo e abrigo,
cada acorde é um soneto,
que ouso dedilhar.
Já fostes árvore um dia,
mas alguém por ousadia,
fez de tí uma escultura,
para poder ao exibi-lo,
tirar alguém do exílio,
ou uma criança ninar.
Porisso és meu conforto,
meu segredo e meu porto.
Para tí me abandono,
faço de tí o meu dono,
e te peço , um consolo,
leva de mim essa tristeza,
num dá mais prá aguentar,
leva de mim essa tristeza,
num dá mais prá aguentar.
Continuando cantando,
a tristeza vai-se embora,
Ela e o violão, seu par,
com fé acreditando,
foi prá nunca mais voltar.
Hoje, ela dormiu sorrindo
e o violão assistindo,
seu doce ressonar.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Entre o Sol e a Lua

A tarde vem cumprimentando,
docemente, lentamente.
O Sol se põe.
A luz natural, já se faz tenue,
acendo uma artificial,
incomodativa, quase insolente.
Apago-a, deixando a penumbra entrar.
Ela alisa meu corpo, suavemente,
sinto carícia crepuscular,
a ela entrego-me totalmente.
Ajoelho e medito,
sobre tudo que falei,
ouví e acredito.
Mas há certos fatos,
que nos deixam em desatino,
podiam até ser boatos,
mas por mais que os alinho,
existe um tal destino,
que certamente começou,
quando o sol e a lua foram criados,
para nos deixar intrigados,
e sempre querer entender, o por quê?
Por quê? Por quê?
Hum...eis aí o grande mistério,
para nós meros mortais,
esperarmos ser chamados,
escolhidos e ao transpor os umbrais,
quem sabe, sossegaremos,
e nos contentaremos,
com o que somos ou fizemos,
havendo arrependimento,
de sempre ter o pensamento,
em querer saber demais.
Saio da meditação,
está escuro, é noite,
somos todos iguais!
A Lua surge.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Meditando

Hoje acordei vazia.
Vazia, sem valia,
perdida, esquecida,
amargurada, chorosa.
Parecia aquela rosa,
um dia, linda querida,
em outro, quase murchando.
Hoje acordei pensativa,
e muito me questionando:
Faço, não faço, esqueço,
ou deixo o vazio aborrecendo.
Sou bem contra grafismo,
mas aquele muro branco,
continua me atormentando.
Vontade de rabiscar,
riscar, enche-lo de apelos,
assim, quem sabe pelo menos,
essa raiva vou distilar...
Mas será que vai adiantar?
Então pergunto, o que faço,
continuo nesse embaraço,
nesse mormaço indefinido,
por mim ainda sofrido?
Eis que surge um sinal:
Saia do tormento abismal,
senta-te em algum canto,
junte as mãos em teu peito,
e comeces a meditar,
deixe que imagens fluam,
não segure nenhuma,
assim, sem amargura,
relaxa e te entrega,
a dimensão maior,
que te espera.
Silencie...
Solte apenas um som:
OM, OM, OM.OM.OM.
Mergulhes em teu interior,
encontrarás calor,
do verdadeiro amor,
que guardas dentro de tí.
A felicidade está aí.
Nunca a acharás por aí.
Silencie...
Ama-te com respeito,
e esse vazio de teu peito,
será logo preenchido,
e aí compreenderás,
quanto tempo tens perdido,
inutilmente a buscar,
o que já trouxestes contigo,
e jamais souberas achar.
Volte à tua consciência,
com humildade agradeça,
a nova etapa de vida,
o novo descobrimento:
é necessária a partida,
prá recomeçar.
Silenciando...
Meditando...
Sempre paz, encontrarás!
Plena acordarás,
serena dormirás.
O prumo é teu...
de ninguém mais!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A colcheteira

Há tempo, ando observando,
linda amiga, crochetando...
Ora faz pontos prá cima,
ora, os faz para baixo.
São todos lindos, eu acho.
Cria formas retas,
ou arredondadas...
E assim com agulha vai
tecendo, por dentro,
e pelas beiradas.
Nela deixa amores,
amargores, poesias,
prosas, dores, contos,
tecendo por ponto por ponto.
Uns são engraçados,
Outros, muito letrados.
Está fazendo uma colcha,
Talvez, até sem pensar.
Então, comecei a cismar,
quando ela acabar,
daquí a cem anos,
dela irá precisar,
para seus pezinhos esquentar.
E aí olhando, cada desenho,
dessa colcha bem tecida,
irá recordando sua lida.
Tudo está lá marcado,
anseio sufocado,
amores acabados,
amores resolvidos,
caminhos percorridos,
atalhos já olvidados.
Mas, nos lábios há de existir,
um sorriso bem feliz,
de ter sido aprendiz,
e ter seu saber doado,
do bem sempre a fazer.
A arteira colcheteira,
marota, ira dizer:
Valeu a pena viver!
Um côro de anjos,
para abençoar seu coração,
entoará linda canção:
Lalá,lalá,lalá...Lara, lara, larará!

Destino

Ela pensava , sentia
estar vivendo um grande amor,
por onde ia exalava,
de primavera esse odor.
Estava radiante, ensolarada,
não sabia mais o que fazia,
de tão feliz, gargalhava.
Só que um dia,
sentiu que o que pensava,
só em seus sonhos existia,
a princípio não entendeu nada,
e ficou com a alma cismada,
e perguntava, o que será?
Tantas lindas palavras,
tantas juras com fervor,
não era amor, ou fora dispensada?
Levou algum tempo essa dor.
Mas, depois de ler um conto,
que diz de escolhas, e caminhos,
de um tal de livre-arbítrio,
aí, a luz se fez e pronto,
saiu desse martírio.
Finalmente compreendera:
seu amor tivera medo,
de seguir seu coração,
medo do segredo,
optou pela razão.
Para ela, seria glória,
para êle a prisão.
Usou o livre-arbítrio,
tomou uma decisão!
Que belo conto,
que valiosa lição!
Fica para ela,
um conselho:
Quando outro amor vier,
vá devagar,
o caminho a percorrer,
vá de mansinho,
para poder aprender,
com muito tino,
que o destino,
é você quem faz,
ou desfaz...!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Escuta coração

Ei, coração desavizado,
vai se apaixonando,
sem se quer me avisar,
diz ser pobre coitado,
quando não é entendido,
ficando amargurado,
e lá vou de arrasto.
Aí eu fico brava,
tú, assim, me maltrata,
sendo tão inconsequente,
ou até puro, inocente,
vai mesmo se machucar,
é triste ter que te curar.
Pergunta, prá mim te peço,
antes de se entregar,
Este sentimento é fim ou é começo,
vou dessa vez acertar?
Eu lhe direi cuidado,
não vá se entregando inteiro,
tenta sentir primeiro,
se as batidas são iguais,
se forem, então vais,
vou curtir o teu embalo,
prometo que nada falo,
tudo escuto, mais e mais...!

domingo, 17 de agosto de 2008

Camponesa

Sou camponesa,
pelos vales vou andando,
os passarinhos vão cantando
prá me cumprimentar.
Jogo beijo para todos,
mas há um mais formoso,
e seu nome é sabiá.
Meu vestido é comprido,
e e´todo colorido,
prá meu corpo enfeitar.
Sou camponesa,
descalça com pés na terra,
vou olhando lá prá serra,
toda verde, que beleza,
chega até arrepiar.
Na minha cesta colocando,
todas as flores do campo
que consigo encontrar.
Sou camponesa,
no riacho vou entrando,
prá meu corpo refrescar.
Quando o cansaço chega,
vou voltando lá prá casa,
o fogão já tá em brasa,
pro feijão cozinhar.
Pego concha, pego prato,
e sentada na rede,
olhando prá parede,
vejo, o seu retrato,
vestido de cidade,
cheio de gosto ,
dá tristeza, dá desgosto,
dá saudade desse moço,
que um dia me encantou.
Falava coisas bonitas,
me dava laços e fitas,
prá melhor me enfeitar.
Mas não conseguiu,
de verdade conquistar.
Sou camponesa,
o meu chão é verde,
o mais lindo tapete
que ninguém pode comprar.
Sou camponesa,
acordo com o sol nascendo
durmo com a lua aparecendo.
Não adianta, sou agreste,
meu perfume é da rosa,
que ponho toda dengosa,
no decote bem maneiro,
quando saio a namorar.
Saudade de você,
nessa parede, mas
prefiro minha rede,
para meu sonho embalar.
Tenho pena de você,
que largou este paraíso,
e acho de pouco ciso,
preferir ar poluído,
gente se empurrando,
gente se maltratando.
Mas você é da cidade,
tudo que digo é alarde,
jamais vai me entender.
Sou camponesa...
sou feliz no meu viver.
Quem duvida, venha ver!

Crer ou não crer

Hum...
Será???
Não sei.
Ou é?
Sei? Talvez!
Ela continua:
Me escuta...
Não tem lógica!
Ou tem?!
Êles devem saber...
Vou tentar...
Vou tomar...
Não é isso...
Não?
Não creio...
Tenho receio.
Vamos lá.
Tudo bem...
Tomei...
Me danei.
Deu alergia!
Ah! Você sabia.
Tinha razão.
Desculpe...
Me destes uma lição,
Jamais voltarei
a não acreditar,
em você...
Querida intuição!

sábado, 16 de agosto de 2008

O mar poetando

Hoje, o mar entristece
ao entardecer...
Seu maior apaixonado
acaba de falecer.
Quem o chamará de doce?
Só você, você...
Caymmi, porque essas coisas
têm que acontecer?
Sopra daí o sorriso gostoso,
prá amenizar meu desgosto
e desse pesadelo acordar!
Agora, num apelo,
o mar vem desabafar:


Baiano lindo, ajeitado,
com seus cabelos brancos,
e tanta coisa prá contar,
numa fala sossegada,
tão difícil de encontrar.
Adeus velho querido,
me deixas entristecido,
nas areias vou chorar,
e mais verde vou ficar,
mansamente murmurando
a música que fez prá mim
"É doce morrer no mar,
nas águas verdes do mar.
Chuaaaaaá...chuaaaaaaaá...
Prá mim...prá mim...

Certa vez...

Era uma vez...
Um sapo que virou príncipe.
Hum...Não.
Era uma vez...
Um príncipe que virou sapo.
Hum...Tudo já muito contado.
Certa vez...
um poeta, aproximou-se de uma
mulher triste e disse:
Eis-me aqui, para servir-te,
dou-te papel e pena,
o restante é contigo...
Desde aquele instante,
dela tornou-se amigo.
Ela conta-lhe tudo:
a mais simples lembrança,
ao maior absurdo.
Êle a entende, êle a ama,
enche-a de esperança.
Era uma vez, um poeta,
uma mulher inquieta,
que concordou:"Tudo vale a pena..."
Nunca mais chorou,
sua alma ampliou...
Essa mulher, chama-se Helena.

sábado, 9 de agosto de 2008

Atalho

Estava andando distraída,
conversando com meus anseios.
E assim fui indo, entre apelos,
quando, de repente,
encontrei uma parede,
não, não, era um muro,
a voz não saia, só um sussuro:
Aqui, tudo termina,
entrei em atalho sem saída!
Olhei, novamente, para o muro,
era alvejantemente branco.
Nenhum risco, nenhum rabisco.
Achei interessante e resolvi,
bem embaixo, num cantinho,
escrever bem fininho:Paz!
Voltei para trás,
saindo, o branco me seguia.
Pus-me a cismar,
branco...contém todas cores...
Cheguei em casa, peguei tela,
branca , fui cobrindo-a de amarelo,
vermelho, azul, violeta, verde, rosa,
tudo que de dentro de mim saía,
dei-me conta do arco-íris que pintara,
era isso que o muro me falara!
Às vezes, em atalhos, descobrimos,
a riqueza contida em nossa alma,
que por ignorância, a cobrimos,
mas se cremos, achamos ,de algum jeito,
os meios, para tornar a despertá-la!
Bendito atalho!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Lúcida embriaguez

Convidei Dionisio para um passeio.
Tomei todas, rodopiei em devaneios.
Neles dancei, dancei,
chorei, chorei,
nó da garganta se desfazia.
Cantei, cantei, como cotovia.
Sentí a hora e a vez,
de finalmente ser feliz.
Isto estava em mim
e não via, só lamentos conseguia.
Ah! mortal desavizada,
tens, muito a aprender,
os caminhos estão aí ,
para percorrer.
Vamos, dispa-se dessa
inútil tristeza,
e completamente nua,
sorria, sorria para a lua,
e sentirás com certeza,
que a verdadeira embriaguez,
é a tua aliada sensatez.
Dionisio, mais uma taça,
hoje, alcancei uma graça!!!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Faxina

Escorre pelas vidraças,
pingos d'água, é o céu,
fazendo faxina.
Escorre pelas minhas faces,
lágrimas, é minha alma,
precisando de faxina!

domingo, 3 de agosto de 2008

Pobre Narciso

Cobre o corpo com lençóis de mágoa,
tentando esconder a dor
que fere e maltrata,
sua pobre alma disbaratada,
crença ingênua que não acaba,
vagando em brumas de amor,
solta, como náufrago sem rumo,
caido no mar revolto e profundo,
ansiando encontrar a praia, seu refugio,
beijar a areia, roçando os lábios,
agradecendo, embora moribundo,
ter encontrado, ainda que tardio,
o espelho de uma vida que sonhara.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Nós e o circo

Deixando vagar meus pensamentos,
eis que surge, uma imagem de circo.
Questiono-me: Não seremos o próprio?
E começo a descrever o que o compõe
e o que nos compõe, para ver se chego,
a alguma comclusão.
Somos lona, quando abraçamos a comunidade.
Somos o dono, quando escolhemos a trajetória.
Somos domador da fera que nos habita.
Somos arquibancada, somos picadeiro,
quando assistimos, ou quando atuamos,
os papéis de nossa vida.
Somos palhaço, fazendo piruetas,
para divertir crianças que nos rodeiam,
amores não conquistados, gargalhando,
fingindamente, com o coração amargurado.
Somos trapezistas quando nos soltamos
e estendendo a mão para o outro,
buscando apoio e segurança.
Somos equilibristas, quando tentamos,
mil maneiras de resolver os problemas
que nos procuram ou que procuramos.
Somos bailarinas ou bailarinos,
quando nos exibimos, fingindo
dominar o cavalo que montamos,
jogando sorrisos e beijos,
para os que nos assistem,
querendo até estar onde estamos.
Somos alegria, quando chegamos,
somos tristeza , quando partimos.
Somos um, somos um todo,
seremos o ontem, o hoje, o amanhã,
sempre que nos propuzermos
a fazer de nossas vidas,
um grande espetáculo,
suportando as vais,
agradecendo aplausos.
Somos circo?! Está poetada a opção!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Depoimento

Hoje nasci no renascer.
É meu aniversário e já
faz um tempinho...
Logo cedo, veio-me à mente:
Hum...Não gosto de comemorar
aniversários!
Continuei refletindo, pensativa!
Por que será?
Talvez numa resposta analítica,
viria certa explicação:
Algum trauma da infância?
Algo ligado com baixa estima?
Mas no fundo, bem no fundo,
mergulhando em minha alma,
acho que achei o resultado
dessa indagação...
Fui convidada por minhas duas florzinhas
que gerei no acalanto de meu útero,
para irmos, as tres almoçar...
Ora, almoço? Parece algo rotineiro,
comum.
Mas esse foi especial,
comemos de palitinho,
à moda oriental,
tendo como decoração,
uma grande janela,
da qual avista-se uma praça,
mas não é uma praça qualquer,
é aquela praça, onde juntas,
tivemos momentos lúdicos,
únicos!
E a tijelinha lindinha
que compunha o cardápio,
onde se coloca shoyo,
para temperar as várias
iguarias, nossa, e tantas!
Tal criança, não sabia
a qual "atacava" primeiro!
Ataquei todas deslumbrada
com o sorriso maroto de minhas
duas florzinhas!
E a tijelinha, lá estava
a tentar-me cometer um pecado:
"Não roubar".
Elas , então, cismadas ao ve-la
sem o molho, perguntaram:
Não vais usar?
Aí tive que confessar o
íntimo segredo:
Psiu...vou levar de lembrança!
Ouví um côro sonoro:
Não, mãe, não faça isso!!!
Que vergonha, mas que
vontade, apenas "um furtivo recuerdo".
Ao olhar, então, para meus olhos
de pedinte, uma delas, exclamou:
Deixa que eu cuido disso!
Chamou o garçom, falou sobre
a comemoração e êle com
agradável sorriso, disse:
Claro, é sua!
Salvaram-me de "pecar"!
Não dando-me por satifeita,
já que minha criança interior,
foi despertada,
lancei mão do guardanapo
de papel e disse:
Quero que escrevam aquí,
algo para que eu guarde,
de lembrança deste dia.
Aí veio a idéia de cada uma
escrever uma frase,
que transcrevo:
"Querida e intensa mãe borboleta...
Estamos aqui num dia feliz, nós tres..
para bater asinhas de alegria...
amor...
e união...
E para pular de florzinha em florzinha
dos bons pensamentos
e da energia lilás...
...a energia da transformação,
da renovação, da vida!!
Saiba sempre no fundo
do seu coração
que nós te amamos imensamente
e que nada nesse mundo...ou
em qualquer outro mundo...
seria capaz de mudar isso!!!
Um beijo colorido e...
repleto de shoyo e sashimi!!
Feliz aniversário!!
23.04.08 Carol e Dani
Após essa linda declaração de amor,
a mãe coruja, estufou de alegria
dizendo: Vocês são artistas, não
sei porque vocês, não se dedicam
ao teatro, pelos menos nos finais
semana, os artistas, agora, estão
melhor, financeiramente, era um
agradecimento muito verdadeiro
por todos esses anos que convivemos
e observei suas manifestações criativas!!!
Uma delas retrucou, rapidamente,imagine,
tenho um amigo que rala há tempos,
e tá aí, ralando...
Eu, interferi, dizendo, não é bem assim,
outro dia assisti o Marcos Pereira, dando
uma entrevista, e está atuando numa
peça aquí em Sampa e está ótimo!!!
Escuto, uma pergunta:
Marcos Pereira?????
Sim, digo em tom impositivo:
Marcos Pereira, sim, ví a entrevista!
E uma de minhas florzinhas, com a delicadeza
que lhe é peculiar disse, docemente:
Mãe, por acaso não será Marcos Palmeira?
Adivinhem, rompemos numa estrondosa risada,
que custou muito a parar e molhei todo
meu rosto de patética felicidade!!!
Para completar a tarde,
minha criança interior saltitava,
quis tirar uma foto na pracinha,
sentada num banco do jardim,
abraçada com minhas orquídeas!
Então, eis, a conclusão deste
meu depoimento:
Agora, tenho certeza,
que nascemos e renascemos
todos os dias! Não existe
data específica de aniversário!
Existe sim, em cada um de nós,
uma criança, linda, que fica feliz
com bolinhos e velinhas, e porisso
temos que deixá-la divertir-se.
Mas essa criança quando é muito feliz,
vive abraçada à nossa alma,
beijando-a todos os dias,
fazendo-nos despertar para
a maior essência com que o
Criador nos perfumou:
que é independente do tempo,
dos vendavais, das intempéries,
o amor verdadeiro, que une,
que completa, que acalanta,
que amansa, que é eterno,
por ser terno.
Feliz nascimento e renascimento
a todos nós, mortais que somos,
quando pensamos, mas imortais,
quando sonhamos!!!
Obrigada, Senhor , pelo amor
que em mim plantastes, e aos
que dele cuidam para que vicejando
eu possa alegrar outros corações,
na tristeza ou na alegria, seja esse meu pão,
de cada dia. Amém!
Em especial, ao meu lindo rebanho,
concedido pela graça do Altíssimo.