terça-feira, 30 de junho de 2009

Quem me dera

Ah! Quem me dera correr mundo,
subir cordilheiras, descer corredeiras,
rolando montanhas brancas ou verdes.
Colher tulipas, calçar tamancos,
embebedar-me de vinhos,
tintos, brancos, rosé.
Valsar em bosques,
com toques de balé.
Quem me dera correr mundo,
encontrar tigres, alces, lobos,
e rir de tudo, de quase todos,
mas, principalmente dos que acho tolos.
Quem me dera, que fosse hoje,
linda noite de primavera.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mutação

Bom mesmo é soltar-se,
ao sabor do nada, que traz tudo.
Sem sair do lugar,
dar volta ao mundo.
Girando, girando,
saboreando, saboreando,
o que está acontecendo,
mesmo que seja um segundo.
Bom mesmo é desprender-se
das amarras que vamos
dentro de nós construindo,
parando de lamentar
que não conseguimos,
o que dentro de nós já possuímos.
Que cegueira algoz,
Como podemos ser conosco,
tão feroz?
Quem irá amar alguém
que se olha no espelho
e não vê a essência linda
do seu dentro,
ficando encolhida,
pensando na lida,
chorando da vida,
não conseguindo se amar?
O Universo, torna-se
terrível espectro,
nada poderá lhe doar,
e daí não adianta chorar,
o que resolve é mudar,
o pensar, o sentir e o olhar!

Entrega

Pega-me em teus braços,
não peça licença,
minha timidez talvez o impeça.
Rodipie meu corpo no teu,
relembre o que ele esqueceu.
O tempo de sonhar
novamente voltou.
Quero deixar-me ao sabor
dos desejos, dos ensejos,
soltando-me sem medos.
Dormir saciada,
acordar amada.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Refletindo

Ela nasceu bonitinha,
dizem até, bem gordinha.
Era engraçadinha,
parecia até linda bonequinha.
Alguns anjos dela se cercavam.
Um de cabelos brancos,
que corria encontrá-lo,
para ouvir embalos,
quando pegava o violão,
para nele tocá-los.
Para ela, era serenata,
enviada dos céus para encantá-la.
Um dia, ele se foi...
Que triste dia, como ela chorava.
Outro anjo, era severo demais,
tudo proibia, e a ela sufocava.
Não entendia nada e teimava,
em fazer as coisas que gostava,
e era só bronca que levava.
O terceiro anjo, ao outro acompanhava,
mais distante, mas também bronqueava.
Ela foi crescendo, ficando em altura,
maior que os dois que ainda queriam
nela mandar...
Mas já não conseguiam, ela queria
aprender a andar sozinha.
Quantos trambulhões, quantos
buracos caia, pois ia indo e
não os via...
O tempo foi passando,
ela tentando amadurecer,
querer mostrar que já sabia,
o caminho a escolher...
Os anjos, tentavam,
ver se conseguiam faze-la
aceitar, no que teimosamente
não queria acreditar.
E foi seguindo, o que pensava
ser seu verdadeiro caminho.
Valeu-lhe nesse primeiro caminhar,
uma linda fadinha ganhar,
de cabelinhos claros,
com fios amarelinhos,
que fazia seu coração cantar.
Mas entre risos, houve lágrimas,
e ela começou a lembrar,
o quanto não ouvira o anjo,
que apenas a protegia,
e no silencio suas amarguras sofria.
Quando isto compreendeu,
começou profundamente,
sua mãe amar.
O outro anjo, um dia adoeceu,
tanto peso colocou em suas asas,
infelizmente feneceu.
Ao cuidar desse anjo,
hora a hora, todos os dias,
começou a compreender,
o quanto por sua infelicidade temeu,
e profundamente, amou
o pai que era o anjo seu.
Seguida essa perda,
pensou encontrar o caminho
no qual iria se realizar,
o que sonhara desde adolescente
ter um amigo , um confidente,
que pudesse crescer juntos,
material e espiritualmente,
sonhos sonhados juntos,
projetos concretizados,
sem brigas e sem atalhos.
Valheu-lhe nesse segundo caminhar,
outra linda fadinha ganhar,
cabelinhos da cor da graúna,
pele branca como a neve,
olhinhos de jaboticaba,
que adoçam quem olhar.
E ela começou a querer ser anjo
também, como foram seus pais.
E viu que a história era parecida,
incrível pensou: Como é a vida!
Suas fadinhas cresceram, criaram
asas,também voaram...
Querem caminhar sozinhas,
querem saber tudo, e o tolo anjo
tentando faze-las continuar fadinhas.
Ela (anjo) agora, tenta se conformar,
viver seu próprio mundo, adentrar
em sí mesma e perceber que de tanto
oferecer, acabou esquecendo como
é bom receber e agradecer...
Pode ser este o começo de uma nova história, talvez.
Não se importar com acertos ou com glórias,
Viver o presente gangorrando
entre loucura e sensatez...!

Observando

O mar quando bravio,
produz ondas imensas.
Meu espírito quando se inquieta,
produz idéias tensas.
O mar não posso controlar,
mas o espírito posso abrandar.
De que jeito?
Com a natureza ...
Observando-a, tentando imitá-la,
mesmo como limitados somos.
Ela é sábia, ela ensina,
nos resta querer aprender:
a macieira dá maçã,
já mais outra fruta,
porque, então, persistirmos,
mudar, o imutável?
Porque nos achamos inteligentes,
poderosos, capacitados.
Ah! que vã ignorância.
Estamos, então, com ela, competindo.
Como somos frágeis,
ela, sim ,poderosa...
Quem segura um vendaval,
quem tampa um vulcão,
quem domina um terremoto?
Pratiquemos a ciência
da limitação, só assim a compreenderemos,
e não nos desgastaremos em vão.
Mesmo que dominemos toda a enciclopédia,
é dela que sempre tiraremos a melhor lição.
Quem de nós consegue ser Flor de Lótus?
Ficar acima da lama e ser tão bela?
Quem sabe, se misturassemos tintas coloridas
em nossas mãos e jogassemos, sem intenção
em telas e mais telas apreciando
o que resulta dessa criação, sem conceitos,
nem pré conceitos, apenas acontecendo,
talvez viriamos que dentro de nós,
a natureza verdadeira e primeira,
poderá estar nascendo...
Ou quem sabe, imitarmos tufões,
furacões, vendavais, vulcões,
em ardentes palavras deixando
explodir em nossos escritos,
aliviando, por fim, nossos espíritos.
Para saber, é preciso querer,
fazer e luzir...
Tentar, gestar e parir !

Aviso amigo

Porque ela?
Porque prende-la a um tubo?
Ela gosta de liberdade,
não consegue ser dependente.
E agora?
Dizem que tudo serve de aprendizado,
o que será que ela fez de tão danado?
Será castigo?
Meditando sobre isto,
uma resposta vem-me ao juízo.
Ela precisava disso, por algum tempo,
era preciso...
Estava estagnada, desatinada,
e o seu dentro, esquecido.
Necessário acordá-la,
para retornar a criar,
talento que nesta vida,
foi-lhe concedido.
Este acontecimento,
está sendo apenas,
celestial aviso.

É possível?

Não é possível...
Ainda ontem lá estava:
Garbosa , altaneira, faceira.
Espalhava-se como queria,
sem licença espreguiçava.
Era tão gostoso seu entorno,
as energias se restabeleciam,
o cansaço passava,
dava vontade de ficar
abraçando-a, sem parar,
respirando lentamente,
sorvendo sua natureza,
deliciosamente...
O que aconteceu?
Não é possível...
Que grande perda.
Ninguém viu,
ninguém impediu?
Era altiva, mas indefesa...
Já não era jovem,
mas estava inteira.
Resolvi sair a procurar...
Eis que vejo um clarão,
aperto no coração,
é ela, virou fogueira.
Não acredito,
ainda existe Inquisição,
há inconsequentes
queimando inocentes,
eis o veredicto!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Trova

Guardo dentro de mim um cofre,
às vezes abro e tiro algo.
Se preciso uso, ou volto a guardar.
Contém segredos idos e vividos,
outros ainda a vivenciar...
Hum...a chave, onde estará?
Tantos lugares para procurar.
Eis uma pista...só a encontrará,
quem sentir onde ele está.

Trova

Cada um tem à sua maneira,
pensamentos, palavras, atitudes.
Quem serei eu para modificá-los?
Apenas um pequenino grão de areia,
tentando ser imensa praia...

Prece

Espanto fantasmas que me tentam.
Assopro sombras que me rodeiam.
Deixo minha alma sonhar.
Quebro paradigmas, preconceitos.
Sou espelho de mim mesma.
Parto meus pensamentos.
Formo mosaicos coloridos.
Construo com eles unguentos.
Curo do ontem meus ferimentos.
Afofo minha cama e me deito.
Solto livre meus sentimentos.
Orvalhado, meu corpo agradece.
Eis de todo dia, a minha prece.

Incógnita

Quero oferecer-te minha boca,
não para sofregos beijos.
Quero apenas umedece-la
do orvalho de ternura que possuo .
Quero tuas mãos entre as minhas,
balançando despreocupadamente,
como bem fazem as criancinhas.
Quero teus olhos fitando os meus,
e nossas íris conversando.
Quero tua mudez que diz tudo
em meu ouvido, apenas susurrando.
Quero tua nudez pura, encontrando a
minha, tornando-se una.
Quero teu abraço respirando
com o meu, no mesmo compasso.
Quero, por fim, que sejas meu,
mas lentamente...passo a passo.
Não te apresses, quando o fores,
dite-ei o o que ameaço e ainda não faço.

Puros anseios

Quero meu corpo
coberto não só de desejos,
mas de muitos anseios.
Que a mão que o percorrer
não seja só de carícias,
mas de muitos carinhos.
Quando ela nele passear
encontre a simples resposta
dele a ela se entregar,
como a flor que se enternece
com o bicar dos passarinhos.

Camuflagem

Universo, transmuta em mim
essa alma romântica.
Dá-me a razão dos sensatos.
Tira-me o gosto pela sã loucura.
Põe frieza em meu coração,
só assim, talvez, quem sabe,
sofrerei menos amargura,
caminharei em liberdade,
pelo campo dos chatos,
que se espantarão com minha bravura,
distraindo-se com camufladas mentiras,
de minha íntima verdade.

Quem sabe?

Quando haverá sorrisos
em boca umedecida,
pelo luar de certo olhar?
Quando haverá cantos de alegria,
vinda do coração,
que o outro assobia?
Quando acontecerá saltos por campos
verdejantes?
Quando, afinal, um e outro
serão amantes,
do improviso, da surpresa,
do inesperado, do lado a lado,
de mão na mão, olho no olho,
dois no ninho,
finalmente, se encontrando
no mesmo caminho...

Tempos idos e vindos

Essa tristeza que me invade,
sem pedir licença,
vem de longe,
dos tempos medievais,
dos amores em frestas
de janelas cadeadas,
quando o mancebo tentava,
jogar beijos à sua amada.
Nela não chegava,
batia na madeira
e a êle retornava.
Porque já vive em tempos
madrigais?
Ainda me assustam
e por vezes me consomem
demais...

Algo no ar

Cheiro no ar,
um quê de tristeza.
Vontade de chorar,
esquecer de mim,
e ser trigreza.
Como poderei fugir,
se tenho certeza,
que a carregarei
junto a mim?

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O real sonho?

Sim, gostaria de ter um namorado,
exatamente como antigamente:
Que me trouxesse flores,
fizesse serenata,
cantasse a mim louvores,
dizendo ser eu sua única amada.
Sim, gostaria de ter um namorado,
exatamente como antigamente:
Que ao ver só meus pés já me amasse,
Um pouco do meu colo lá seus
olhos deixasse.
Que meus suspiros neles entendesse,
a súplica clemente dos meus desejos
e deles se enternecesse e tivesse
a paciência para esperar pelo momento
que a êle por fim me entregasse.
Sim, gostaria de ter um namorado,
exatamente como antigamente...
Piegas, romântica, ultrapassada,
inocente, ingênua, tola...
Nada disso, apenas uma escritora
que busca nas palavras sentido
para escrever o que deveras sente.
E para quem ler,
sentir com coragem de viver
esse sonho quimérico, nunca
real, mas sempre perseguido.
E se fosse verdade o tal namorado?
será que não seria um prêmio
divinal, finalmente conquistado?
Hum...quem poderá saber?
Quem ao acordar , senti-lo ao lado!
Eros e Psiquê? Talvez...

Vem ou vai

Vem, segura-me a mão,
só a mão, já me basta.
Mas não me olhes assim,
fico sem graça.
Vem, dá-me teu braço,
e segura meu cansaço.
Vem, dá-me o silêncio
que diz tudo.
Só não venha
se não entender o que peço,
e sentir ser tudo absurdo.
Vá, por mais que eu
ainda o queira.

Divagando

Sou carvalho quando sofro
podas para crescer.
Sou bambu quando me curvo
na humildade do aprender.
Sou flor quando sorrio
para o sol no amanhecer.
Sou terra quando abro-me
para sementes do cultivo.
Sou chuva quando escorre
pelo rosto certo agito.
Sou montanha quando miro
o horizonte e acredito,
que muito além,
há quase tudo que ainda não sei!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Só sei...

É madrugada fria,
mas dentro de mim
tudo arde.
Chamas consomem
minha auto-estima,
não quero que assim seja,
quero calma e harmonia,
mas não me deixam,
te-las e as chamas continuam
e minha alma agora arde também.
Viro e reviro-me do direito
para o avesso, já não me entendo.
Tudo está confuso, tudo claro,
mas também escuro,
fogo vermelho, carvão preto.
Preciso aguentar passar por
este gargalho que me oprime,
que sufoca e me desentende.
Finalmente, grito:
Chega! Deixe-me parir idéias,
correr campos, molhar-me
nas lágrimas que choro e
me limpo...chega.
Vá, não dá mais para continuar
no que não mais acredito,
não sei se é justo, sinto muito,
essa ardência deu-me a clareza
de que o que preciso e muito
é ser eu...eu só sei amar!

sábado, 6 de junho de 2009

É assim...

Quando bate essa angústia,
dentro de mim, fico como
mosquito em volta da lampada,
rodando, rodando, buscando,
a luz da compreensão, do entendimento,
para afugentar esse mal estar que ela
me traz...
Mas, parece não adiantar, quanto mais
procuro menos encontro, parece até,
que ela vem para ficar...
O que fazer?
Sinto tudo ao mesmo tempo:
vontade de chorar, de amar, de rir,
de gritar, de enroscar...
Será que se eu tivesse, agora,
ao lado, alguém para enroscar,
ela iria embora, para não mais voltar?
Eis o resultado da angústia: grande enrosco:
O que tenho no momento é um tronco tosco,
que me serve de apoio prá não desmoronar.
Mas daqui a pouco acho um jeito de a enganar.
Fingindo chorar, vou arrumando a alma,
instalando no meu coração a calma,
que me dará esperança de voltar a alegria
parecida, neste momento, perdida.
Saí toco , saí enrosco, saí desgosto,
quero-me como vim para este mundo,
nua de anseios, de desejos, de preconceitos,
de amores desfeitos.
Vestida de dons celestiais para Ser e assim...
Sou: ansiosamente louca para viver
o instante presente...sempre !