quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Amor

O Amor veio visitar-me e sussurou,
para bem da verdade, quase gritou:
Ames a todos, a ninguém em especial.
Tenhas-me sempre no seu dentro.
Sou pleno, único, sou universal.
Não sou sentimento, que acaba
veloz como o tempo.

Ó Amor, quanto me enganei,
quanto em vão chorei,
quanto raiva passei,
em tantos acreditei,
então, errei...

Venhas, dou-te abrigo eterno.
Sinto, és terno...
Será que mereço?
Tens preço que posso pagar?
Ora, ingênua criatura,
não me trate como escultura.
Sou vivo, sou presente, sou infinito.
Vamos, queira-me, vejas quanto
sou puro ...não tenho fim...sou espírito!
Desta noite em diante, me preparo,
para receber do Universo,
o Todo mais raro,
lembrando Dante com a visão de Deus
em pessoa :"Não é apenas
uma imagem ofuscante de luz gloriosa,
mas Ele é, acima de tudo, l'amor che
move il sole e l'altre stelle...L'amor
che tutti move!!!

Coração mentiroso?

O que me irrita é ser
chamada de mentirosa,
por gente que desdiz o que disse,
e diz que não disse, o que com
absoluta certeza, sei que disse.
Porque esse medo, essa fuga?
Que idiotice, ora, se disse,
disse, pronto, deixemos
de criancice, se naquele
instante o coração gritou alto,
ora deixa o coitado sem sobressalto,
ser honesto, ele é livre,
pensamos que nele mandamos,
puro engano, quando vemos,
ele já está aprontando.
O meu ,por exemplo, não mente,
apenas, às vezes, se engana.

Trova

Deixamos certa horas sermos gangorra.
Ora estamos lá em cima felizes,
depois lá embaixo bem tristes.
Que brincadeira boba e estranha.
Desisto desse brinquedo,
quero ser trem fantasma,
passeando no escurinho,
com gritinhos,
enquanto você me abraça.
Ah! aí tem graça!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Coração poeta

Poetizo o que sinto, sem qualquer estranheza.
Alguns dizem insana, outros pobre romântica.
O importante é que o meu coração sente...
Imensa delicadeza.
Assim continuo, caminhando nos pedaços
que ele cria, sua semântica.
Sorrio, choro, amo, brigo, esperneio,
e daí? Nesse mundo desumano,
coração vai batucando,
e eu me encantando.
Quem sabe, outros também,
se alegrando e se encontrando,
porisso continuo indo...além...Amém!

Soprando pensamentos

Piso no freio dos meus pensamentos.
Preciso acelerar outros mais alegres.
Eles resistem, porque gostam de me ver triste.
Cruéis, enganadores, me deixam cheia de dores.
Piso novamente com muito mais força.
Conseguí, agora, eles se esvaiem com a
fumaça do incenso que acendí.
Medito, mente vazia, corpo leve,
leve-me para a natureza,
ouvir a correnteza,
do riacho que sorrí
para a pedra que banha,
para o pássaro que canta,
para as margens que admira,
para mim que faço em tí,
meu batismo bem-te-ví.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pintura de hoje

Quero pintá-lo em minha tela,
com cores do arco-iris.
Vermelho oculto beijo.
Amarelo peles se encontrando.
Laranja tudo que almejo.
Azul roupa que irei despir.
Verde esperança do que está rolando.
Rosa planos do porvir.
Violeta joelhos agradecendo,
a delícia de estar amando.
Quando o quadro terminar,
colocarei acima da cama,
eterna cúmplice de quem ama.

A romântica

Se o romantismo acabasse,
o que seria de mim?
O que faria com as estrelas,
que piscam e me contam histórias,
para dormir?
O que faria com o mar,
que beijando a areia,
lembra seus lábios,
nossos beijos sem fim.
Onde poria tudo que ouço,
vejo, sinto desse mundo afora...
Se o romantismo acabasse,
onde estaria eu ...agora???

Vingança da natureza

O inverno permanece,
e minha alma entristece.
Olho a janela,
chorando molhada,
a fina chuva orvalhada.
As horas passam lentas,
como bruxa malvada,
a me torturar, porque
aqui não estás.
Acontece que sou danada,
quando o inverno se for,
e a primavera chegar,
tornar-me -ei flor,
então por certo me colherás,
e inebriado com meu perfume,
em meus braços cairás,
mas lhe direi baixinho:
Agora, esperes, o verão chegar.
Se o inverno passei sozinha,
a primavera quero só minha.
Vingança de sábia plantinha.

Mudez

Derramo pela calçada
humildes versos,
para quando passares,
poder quem sabe,
entender meus avessos.
Derramo pelas ruas
da cidade dormindo,
meus gritos mudos,
num infinito perdido.
Derramo minhas vontades,
nos lençóis amassados,
das noites insones,
cheias de saudades,
do teu corpo junto ao meu,
juntando pecados,
sempre absolvidos,
porque saber amar
é rolar, é penetrar no mundo,
no conhecimento profundo,
de dois mudos,
aprendendo a falar.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Trova

Nossa, hoje preciso de tí.
Pensando bem, do mesmo jeito que ontem.
Será que amanhã também?
Hum...
A equação é...quando vens?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Consolação

O ar é poluído, mas até acho lindo,
quando penso que respiramos o mesmo
ar, então sorrio...
O frio é cinzento, mas quando penso e
acho graça, que do mesmo jeito estás,
esfregando as mãos com cara de pirraça.
A água mesmo morna, ás vezes fica fria,
torno a rir pensando que podes estar fazendo
caretas igual as minhas, quando no banho,
o corpo todo arrepia.
Esse é um soneto consolado, por não ter-te
ao meu lado, para viver essas gostosas
e inebriantes fantasias sim, mas nunca vazias,
porque são tuas , então, são minhas.

Amada realidade

Hoje, ela contou-me que parecia
haver sonhado, um sonho desejado:
Alçar vôo...que felicidade!
Abriu os olhos lá estava no alto,
erguida pelos braços de Apolo,
amada realidade!
E deu-me , então, um conselho,
nunca desista de sonhar...
Um dia, ou uma noite,
quando displicente estiveres,
também conseguirás,
desmanchar-se em amores,
ser bendita, entre as mulheres,
fostes escolhida para voar,
com seu Apolo para o Olimpo e...
amar...amar...amar...ama...am...a.....!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mergulho

O dia cinza deita em mim nostalgia.
Desgosto essa cor indefinida.
Branca é paz, preta é luto.
Cinza é o que? A mistura...
Então visto azul, da cor do céu.
O céu está cinza...
Não vou sair,
vou esperar a noite chegar,
esparramar em você toda essa cor,
tornando-o mar, mergulhando
meu corpo em teu amor.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Conectando

Olho o relógio, voltou a funcionar.
E as horas passam, passam, céleres.
E eu no presente, anseio o futuro
que inda virá...?
Mas, então, falastes alhures?
Estavas tão confusa naquele momento.
Sim, mas despertei no dentro
a vontade de que tudo mudará,
seja no presente,para o futuro,
algo me diz que não importam
o relógio, as horas, o tempo.
O que realmente importa,
é o tão falado, poetado coração,
ouví-lo com calma, sem agitação,
crendo que nele mora a sabedoria,
que a pretensiosa razão não explica,
mas se acreditas, saberás a hora,
que o presente será futuro,
pois o tempo estará maturo
E aí colherei delicioso fruto.

sábado, 15 de agosto de 2009

Desconectando

Olho para o relógio,
as horas passam lentas.
Horas que marcam o tempo.
O tempo presente, pressente o futuro?
E o futuro quem marca?
Futuro tem marca, onde?
Onde ver essa marca?
A marca está no presente?
E se mudar o presente?
Mudo o futuro?
E se não mudo o presente?
No futuro permaneço?
Onde? No tempo, onde se esconde?
Tempo do futuro?
No presente? Então mudo...
O que , no que, quando?
Não interessa, simplesmente mudo,
e aceito todo e qualquer absurdo!
O relógio pára...eu ando!
As horas, agora, inexistem...
Caminho no presente,
construo o futuro que desconheço,
no tempo ao qual não pertenço.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A espera

Ela resolveu imitar a natureza,
imitar? Ser o que já é...?
Ao chegar o outono, vestiu-se
de folhas alaranjadas...
No inverno recolhe-se,
meditando suas jornadas.
Neste momento, olha para o relógio,
torce para que o tempo voe.
Move-se dentro dela um turbilhão
que promove a espera...
Então, começa a preparar-se,
escolhe neste ano, ser rosa,
linda, aveludada,com alguns espinhos
que a defendam, quando for preciso.
Ela anseia, pede, exclama;
Chegue logo...primavera!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Convite

Hoje embarcarei num navio
que batizei de Quero.
Singarei por mares dantes nunca
navegados, ou já navegados,
quem sabe...
Quero mesmo é navegar,
conhecer outras terras,
ver o horizonte, beijando o mar.
Ao leme para conduzi-lo,
convidei o Amor, em todas as nuances,
formas individuais e universais.
Há cabines já reservadas:
para a esperança,
para o desapego,
para a paciência,
para a compaixão,
para a humildade,
para a honestidade,
para a simplicidade,
para a prosperidade,
para o perdão.
Haverá baile de gala,
todos os convidados dançar irão
com o comandante Amor,
a valsa da felicidade.
Quem quizer vir, apresse-se,
há apenas uma exigência,
entrar no navio por inteiro,
conjugando o verbo querer no presente
do indicativo, eis o grande motivo.
Na minha reservada , ficarei com quem
sinta o que quero.
Daqui a pouco zarparemos, a âncora já está suspensa,
venha, essa viagem é transformadora,
tornará sua vida muito mais encantadora.

Quero

O relógio maldoso mostra as horas.
O coração acelera ao ve-las passando.
O sol aparece para esquentar meu pranto,
que teima em cair por tão longa espera.
Pára relógio, pára tempo, veem
minha dolorosa agonia?
Percebem que tiram minha alegria?
Deixem-me sonhar quimeras, bobagens,
fantasias, tudo importa.
Deixem-me sentir que mesmo que o tempo existe,
ninguém tem direito de ver-me triste,
e mesmo que seja só por hoje, eu acredite,
que tudo é possível e tangível,
tendo coragem de soltar-me ao mundo
gritando sem vaidades:Quero e mereço tudo!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Momentos

Há momentos intensos, especiais
que faltam palavras, pincéis, cores
para definir o que a alma
não quer que acabem jamais.
Momento de ternura, olhares mansos,
toques leves, cumplices silenciosos.
Há momentos que deveria se possível,
serem gravados em mármore,
graça preciosa do implacavel tempo.
Momento sem arrependimento,
doce lembrança que pelos lábios
encharcam como chocolate quente.
É assim que meu pensamento vagueia agora,
buscando com saudades aquela hora,
que esse momento se fez presente,
embora tão ausente...

domingo, 9 de agosto de 2009

Conselho

Os olhos embaçam propositadamente,
recusam a ver a realidade presente.
O coração oprime deliberadamente.
O corpo encolhe amedrontadamente,
enquanto a mente produz impunemente,
pensamentos cruéis sofregamente.
Terei salvação neste momento,
algo que alivie atróz tormento?
Sim, diz minha alma calmamente:
Aspire o perfume de tua essência
e reencontre tua sã inocência.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Ai, saudade!

A saudade é coisa tola,
de gente que não tem o que fazer.
Se tivesse não ficaria se torturando,
pensando no beijo que não aconteceu,
na noite que sozinha adormeceu,
na comida sem gosto,
peito cheio de desgosto,
pés soltos no final da cama,
dois agora, antes, quatro,
o tal...o tal... sacana,
do qual quebrou o retrato,
da música embalando o corpo,
juntando-se lentamente ao outro.
Saudade é coisa tola,
de gente que não tem o que fazer,
como eu neste instante, escrevendo
toda essa mentira, com olhos
embaçados com meu pranto,
da saudade que sinto,
de tudo isso...
Só não sente saudade,
quem mente ou
quem não sabe amar de verdade.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Meditando

Fecho os olhos e mergulho
no meu dentro.
A princípio nada vejo,
a escuridão se faz presente.
Fico quieta, impassível,
rosto quase cerado...
Não consigo, entretanto,
controlar o coração acelerado.
A ansiedade vai tomando conta
de todo meu corpo, sem pedir licença.
Inspiro e expiro uma, duas, várias vezes.
A calma não vem, só lágrimas caem
no árido chão que apoia meus joelhos.
Meu dentro, meu dentro...escuro.
Continuo tentando, quero entende-lo,
um pouco pelo menos.
Uma luzinha começo a enxergar...
O que? Pedras coloridas? Folhas
outonais? Montanha nevada.
Sinto frio, muito frio.
Surgem flores, várias formas,
vários tamanhos, parece primavera.
Madeiras tripidam fogo.
Começo a arder, será febre?
Frio de solidão, febre de amor?
Retiro do meu corpo minhas vestes,
cubro-o com as folhas outonais,
das pedras faço colares, muitos.
Atolo-me neles e nas flores em cordões.
Saio, agora, pelas ruas, cantando e dançando.
Alguns riem, outros se espantam, outros se calam.
Finalmente, solto alguns grilhões de minha alma,
começando a entender o que de mim tanto falam...
Meditando vou compreendendo meu dentro,
aprumando-me entre acertos e desacertos.
Abro os olhos, ao redor tudo igual...
a mudança só eu sinto e reconheço,
é avanço, sadio começo...